O que é a mobilidade articular?
As articulações são os eixos biomecânicos do todo o nosso corpo, são pontos fixos reais onde se apoia e origina o movimento humano, logo uma articulação rígida, imobilizada, é uma diminuição da qualidade de vida.
Os exercícios de mobilidade articular permitem manter a saúde das suas articulações, tendões e ligamentos. Se limitarmos a mobilidade comprometemos essa estrutura podendo ficar comprometida, surgindo desta forma as compensações, assimetrias, perdas de eficiência, alinhamento deficiente e más postura.
Mobilidade Articular
O corpo humano é formado por várias articulações e cada uma desempenha diferentes funções. Enquanto umas asseguram funções predominantemente de mobilidade outras promovem a estabilidade, nomeadamente:
- Tornozelo – mobilidade
- Joelho – estabilidade
- Cintura escapular – estabilidade
- Glenoumeral – mobilidade
- Anca – mobilidade
- Coluna lombar – estabilidade
- Coluna torácica – mobilidade
Sempre que uma região responsável pela mobilidade apresenta o seu movimento comprometido, estamos perante um desequilíbrio. Assim surge naturalmente um processo de compensação. O corpo procura mobilidade numa zona de estabilidade, provocando a sobrecarga de determinas zonas, tais como: joelho, coluna lombar, cotovelo.
Dadas as suas diferentes funções, cada articulação deverá ter abordagens de avaliação diferentes e treino específicos. Deve fazer-se um vasto leque de testes de avaliação para identificar os potenciais desequilíbrios e posteriormente adequar o plano de treino, de modo a evitar lesões de sobrecarga.
Deste modo, no tornozelo, deverá ser trabalhada a mobilidade, no joelho a estabilidade, na anca a mobilidade e à medida que o treino vai subindo a cadeia corporal, deverá garantir-se que as articulações alternam ao longo da cadeia corporal, as funções de mobilidade e a estabilidade.
Uma limitação numa articulação poderá traduzir-se num problema numa zona mais acima ou mais abaixo. Sempre que uma zona móvel perde a sua mobilidade e se transforma em imóvel, a zona estável que se encontra mais acima ou mais abaixo é obrigada a mover-se como compensação, perdendo estabilidade e resultando em dor nessa área.
Exemplo:
As conhecidas dores lombares são um caso claro de compensação que poderá culminar em dor e limita muito a vida desportiva e laboral de cada vez mais pessoas. Sempre que a anca não se move na plenitude, a zona lombar fica obrigada a desempenhar esse papel, realizando movimentos para os quais não está preparada.
Do mesmo modo, a falta de mobilidade no tornozelo pode resultar em dores e, em última análise uma lesão do joelho. Falta de mobilidade na anca, afeta a zona lombar, tal como a falta de mobilidade na zona torácica pode ter consequências semelhantes no pescoço, ombro ou região lombar.
Treino:
Um treino deficitário em mobilidade articular poderá fazer soar um alarme. Mas não se engane, esse alarme é a dor. Um profissional devidamente habilitado deve analisar as suas principais limitações físicas e os seus sinais de desconforto através de vários testes específicos para esse efeito. Posteriormente, dará início a um processo de treino bem mais seguro e adequado às suas capacidades, promovendo a saúde e prevenindo lesões. Melhorando não só o seu bem-estar físico e emocional como a sua rentabilidade.
Reflexão:
A maioria dos atletas está muito mais focado no número de repetições, ou seja, o volume e na carga que utilizada nos determinados exercícios, do que nos aspetos funcionais que esses mesmos exercício podem proporcionar para a sua vida/modalidade. A qualidade do movimento é algo que muito pouca gente compreende, uma vez que, normalmente, as pessoas que não padecem de dores nas costas ou outro tipo de queixas pensam sempre que estão bem de saúde.
Lembrem-se:
Os movimentos disfuncionais não são sinónimo de saúde.
Por norma as pessoas estão mais interessadas em queimar calorias de que em realizar movimentos de boa qualidade. No que diz respeito à performance, salvo algumas exceções, a situação é em tudo semelhante. Da-se mais ênfase aos aspetos visíveis de rendimento, tais como força, resistência, velocidade, potência, do que aos aspetos visíveis de movimento. E por essa razão, vemos atletas que não são capazes de se equilibrar numa só perna, ou de fazer uma flexão mantendo o controlo total da posição do tronco ou até simplesmente tocar nos dedos dos seus pés.
Lição a reter:
A precisão dos movimentos e a nossa capacidade de controlar o nosso corpo é o que faz a diferença entre um atleta normal e um atleta excepcional. Por isso é fundamental integrar este tipo de trabalho nos treinos.